26 de dez. de 2024

Os melhores "Melhores do Ano" de 2024

Eu tinha pensado em fazer uma lista das melhores leituras do ano, ou talvez dos melhores filmes, mas no final das contas tive a brilhante ideia de deixar esse trabalho de retrospectiva pros outros e simplesmente listar as melhores (e/ou mais conceituadas/populares) listas de melhores do ano. Praticidade é tudo!

 

Os Melhores Livros de 2024, Quatro Cinco Um 

A Quatro Cinco Um, a revista dos livros, perguntou para 180 colaboradores quais foram os melhores lançamentos do ano. Ela não forneceu uma lista preliminar, o que é legal porque amplia as possibilidades de respostas, mas o que é ruim porque resultou num monte de livro com 1 votinho só. É por causa dessa lista que eu estou doida para ler O homem não existe: masculinidade, desejo e ficção, da Ligia Gonçalves Diniz.

Os mais lidos de 2024, Portal da Crônica Brasileira

No início do mês o Guilherme Tauil postou no Portal quais foram os autores e as crônicas mais acessadas do ano. Das favoritas do público, destaco "O padeiro", do Rubem Braga (meu queridinho e queridinho de muita gente também, já que ficou com o primeiro lugar na categoria perfil mais acessado).

The Best Movie Posters of 2024, MUBI

Aparentemente, na MUBI eles têm um movie poster columnist -- ou seja, o emprego dos sonhos: é tipo a Carrie Bradshaw se ela fosse cinéfila. Não dá pra viver só disso, claro, assim como a gente sabe que não tinha como a Carrie se manter na NY dos anos 1990/2000 tendo só uma coluna de jornal sobre sexo, mas a gente pode sonhar. O Adrian Curry -- o movie poster columnist -- reuniu os melhores designs do ano, tradição que ele tem desde 2009, pelo menos. Atenção para o poster de Retratos Fantasmas (dir. Kleber Mendonça Filho) em sexto lugar. Brasil-sil-sil!!

The 10 Best Books of 2024, The New York Times

Um tempinho atrás o NYT lançou uma lista com os 100 melhores livros do século. Agora foi a vez dos 10 melhores do ano, que foram escolhidos pela própria equipe do jornal. Lá no finalzinho da página tem outras listas de 10 melhores livros -- os 10 melhores livros de romance, thriller, etc, etc.

Goodreads Choice Awards 2024, Goodreads

Desde 2011 o Goodreads escuta a voz do povo e organiza uma votação para eleger os melhores livros do ano, divididos em suas respectivas categorias. A votação de 2024 angariou 6,261,936 votos (!!!) e elegeu um monte de livro que eu não conheço. Também foi aqui que eu descobri que, pelo jeito, romantasy é um gênero literário agora.

Hodges Figgis' Book of the Year, Hodges Figgis Booksellers

A Hodges Figgis é, simplesmente, a livraria mais antiga da Irlanda, fundada em 1768. Eles organizaram a lista de melhores do ano em três categorias: Livro do Ano, Livro Irlandês do Ano e Livro Infantil do Ano. Até aqui eu tentei ser cuidadosa ao explicar como cada publicação fez para construir sua lista, mas não encontrei muito sobre como a Hodges Figgis escolheu os vencedores. Graças a eles descobri que o Colm Tóibín lançou, agora no final do ano, uma continuação de Brooklyn que estou ansiosa para ler.

13 de dez. de 2024

Leituras de novembro (quase que no singular de novo)

Em novembro fiz o que estava querendo fazer há um tempo e reli Paixão Simples, da Annie Ernaux. Depois disso li O Jovem, também da Ernaux. Se Paixão Simples é um livro curto, com 61 páginas, esse é menor ainda, com 56 páginas. E só 30 delas são de texto, o resto é dedicado à fotografias da autora -- a primeira foto, inclusive, é a mesma da capa de Paixão. Francamente, acho que tudo poderia ter sido um livro só, levando em consideração que são dois textos curtos (nenhum deles é dividido em capítulos, apesar de ter quebras de texto ao longo de ambos) e que tratam de temas em comum: o processo de escrita, desejo, tempo, memória...

Eu aproveitei que em novembro teve promoção no site da Travessa e comprei alguns títulos da Ernaux, O Jovem incluso. Só depois fui ver que a Todavia lançou um box lindíssimo com todos os livros dela que eles publicaram aqui no Brasil e quase espumei pela boca dentro da livraria (hipérbole).

30 de nov. de 2024

Sem título #3

Sábado é dia de andar por aí, mesmo depois de uma semana inteira mal dormida. Passei os últimos dias ansiosa e apreensiva, o que geralmente bagunça o meu ritmo. E, além desses últimos dias, outubro também foi um mês complicado e novembro seguiu no mesmo compasso. Mas aí o que estava me tirando o sono durante a semana se resolveu ontem, no penúltimo dia do mês, num desfecho que não é o fim, mas uma promessa  -- eu espero! -- de coisa boa, bonita e letrada. 

Então sábado é dia de andar por aí, feliz, na esperança que esse deleite dure e dure e dure e permaneça comigo por tempo o suficiente para que eu faça o que tenho que fazer e, quando eu ficar triste, que a lembrança desse estado de contentamento seja o suficiente para me encorajar.

Agora tudo é lindo: o casal de noivos saindo da igreja, o pombo aos pés de S. Sebastião, a banda tocando Bohemian Rhapsody, a senhora com um ventilador portátil na mão, o senhor sorrindo e me chamando de menina, a loja de CDs tão movimentada que é impossível andar sem pedir licença o tempo todo, a gringa se desenrolando em português mesmo eu sabendo inglês, a água de coco cara, esse tanto de árvores de Natal. E eu faço parte desse mundo e tenho tanto amor por ele que às vezes parece até impossível ser triste.

17 de nov. de 2024

I'm in the pleasure business

Não sou muito familiarizada com o trabalho do Anthony Bourdain, mas um tempo atrás li uma citação atribuída a ele e vira e volta me pego pensando nela:

"As a chef I'm not your dietician or your ethicist, I'm in the pleasure business."

Mas como é fácil atribuir qualquer fala a qualquer pessoa, fui em busca da fonte na esperança do Bourdain realmente ter falado isso. Primeiro cheguei até o Eater.com, que me mandou para o Grub Street. A frase em questão é sim do Bourdain (uhul!), e ela veio de um painel em que ele participou com os chefs Alice Waters e Duff Goldman em maio de 2009.

É uma pena que eu tenha encontrado somente trechos do painel; dá para perceber que tem certas falas em que os chefs fazem referências a coisas ditas anteriormente. Enfim, deixo aqui o vídeo que tem a citação em questão. Abaixo do corte está a transcrição das duas principais falas do Bourdain presentes nesse trecho, já que acredito que a segunda complementa a primeira, e a minha tradução. Caso alguém se interesse pela tradução do vídeo todo, é só avisar.


8 de nov. de 2024

O Quarto ao Lado (2024), dir. Pedro Almodóvar

Saí agora pouco de uma sessão de O Quarto ao Lado, do Almodóvar. A sessão não estava cheia -- também, é uma terça à noite -- e eu fui sem ver o trailer do filme, sabia só que se tratava de duas amigas de longa data que voltam a ter contato depois de anos separadas.

A trama revolve em torno de Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton): Martha, já debilitada devido a um câncer e com pouca perspectiva de melhora, e decidida a ter uma morte digna ao invés de definhar, pede a Ingrid para acompanhá-la durante seus dias finais. Juro que não quero ser chata, mas não consigo deixar de pensar que a ideia de Martha para sua morte não faz sentido. Por que a necessidade de estar acompanhada, se ela comete o ato quando Ingrid nem está em casa, no quarto ao lado? Por que deixar Ingrid nessa posição vulnerável de cúmplice? E, principalmente, sendo ela uma pessoa instruída e com recursos, por que não a Suíça?

Martha e Ingrid são personagens planas, e nada inferia que elas eram amigas além do fato que isso foi explicitamente dito logo no início. Moore e Swinton, surpreendentemente, apresentaram uma atuação engessada que destoa daquilo que elas são capazes de entregar. O diálogo, por sua vez, era forçado e pouco convincente, as personagens falavam o que sentiam, falavam o que estavam fazendo e discursam com pouquíssima naturalidade seus pontos de vista, deixando pouca abertura para qualquer tipo de sutileza. Li alguns comentários que sugeriam que isso é devido a um problema de tradução (é o primeiro filme em inglês do Almodóvar) e que talvez a coisa toda fosse soar melhor em espanhol, mas, francamente, acho que o diálogo que era fraco mesmo.

Durante o filme, foi impossível não lembrar do Antônio Cícero. Martha, já abalada pela doença, comenta a dificuldade de ler e escrever, de manter a concentração... Passei os dias que seguiram a morte do Antônio Cícero pensando demais nele e na questão do suicídio assistido, que é um assunto marcante para mim, então foi bizarro assistir um filme que se encaixa tão bem nessa discussão, mas que não faz jus ao tópico que retrata.

Como ponto positivo, posso dizer que a Tilda Swinton estava lindíssima e com um figurino impecável que eu fiquei invejando durante a maior parte do filme. A escolha dos tons de batom utilizados pela Julianne Moore também foi fantástica e me fez até pensar "eu deveria usar uns batons assim!", me esquecendo completamente que eles realçam minhas olheiras.

***

Escrevi esse post dia 05/11/2024, logo que saí do cinema mesmo. Engavetei ele por uns dias para ruminar e achar ele ruim, desistir de publicar, desistir de desistir e decidir publicar do jeito que estiver e pronto, tanto faz. Agora solto ele na natureza.

E deixo aqui a crítica da Isabela Boscov, que é muito mais articulada do que eu.

5 de nov. de 2024

Leitura de outubro (sim, no singular)

Gostaria de poder falar que esse mês minhas leituras não renderam porque estive ocupada com as leituras acadêmicas, ou porque estive atarefada com compromissos do trabalho. Talvez porque finalmente iniciei aquela aula de desenho que venho sonhando a tempos e agora passo todo o meu tempo livre rascunhando. Porque voltei a caminhar todo dia, porque comecei até a correr. Porque larguei tudo e fui fazer um mochilão pela América Latina, porque resolvi virar monge, porque estou apaixonada demais para ler... 

(O chato é que eu escrevi isso tentando ser engraçadinha, mas percebi que tudo isso depende só de mim, até as coisas que aumentei para fins cômicos -- para a tentativa de um fim cômico, pelo menos. Agora estou me sentindo menos engraçadinha. Bom, pelo menos sou self-aware... Que? A leitura de outubro? Ah é, claro, o motivo de eu ter iniciado esse post. Vamos lá.)

Comprei Paixão Simples, da Annie Ernaux, no início de outubro. O livreiro, quando me viu com ele na mão, recomendou muitíssimo a leitura e profetizou que eu iria iniciar e terminar no mesmo dia da compra -- é um livro curtinho, 61 páginas, então não foi uma façanha muito difícil. Paixão Simples, publicado inicialmente em 1991, vai tratar do caso que a autora viveu com um homem casado e mais novo. No fundo, o livro não é sobre o caso, nem sobre o homem e nem sobre a própria autora; no final da página 60, lemos: "Ele me disse 'você não vai escrever um livro sobre mim'. Ora, mas não escrevi um livro sobre ele, nem sobre mim mesma. Apenas expressei com palavras -- que talvez ele nem leia, e não são destinadas a ele -- o que a existência dele, por si só, me trouxe. Um tipo de dom reverso".

Está arriscadíssimo que Paixão Simples seja o melhor livro que li em 2024. Inclusive, estou doida para reler, o que quase fiz logo no dia seguinte que concluí a leitura pela primeira vez. Não estou escrevendo isso aqui para ser uma resenha, é só o post da leitura do mês (ou seja, é pra ser breve), mas essa leitura me deixou completamente embasbacada e eu recomendo demais da conta, mesmo. Ernaux tem uma escrita extremamente precisa, sem rodeios, mas com uma expressividade e alcance imensos. Foi realmente um livro delicioso de se ler.

A edição é da Editora Fósforo -- muito caprichada, papel Pólen Bold 90 g/m², com um projeto gráfico que também marca os outros livros da autora lançados pela casa, pra todo mundo ficar combinando na estante. A tradução é da Marília Garcia, que também traduziu outras obras da Ernaux.

Annie Ernaux ganhou o Nobel de Literatura em 2022 e eu só fui ler alguma coisa dela agora. Sendo assim, podemos supor que eu só vou colocar as mãos em um livro da Han Kang em 2026.

30 de out. de 2024

Sem título II

O final de outubro não tem sido lá muito bom. Tenho estado desanimada e apática e, à noite, chorosa. No último domingo acordei 12h com uma dúzia de ligações perdidas da minha mãe, preocupadíssima por eu não ter dado um sinal de vida já que, no mais tardar, acordo 8h. Passei o resto do dia molenga e de pijama, não saí de casa e não tive espírito para cuidar dos afazeres domésticos. A semana se iniciou assim, os dias passando de qualquer maneira, o trabalho acumulando, nenhuma leitura rendendo.

Nada demais aconteceu, nada fora do comum daquilo que já é rotina. Não quero me delongar desnecessariamente sobre minha vida pessoal (esse post inteiro já é desnecessário). Recentemente venho, mais do que me é normal, remoendo, ruminando, desejando coisas -- não coisas, mas vivências e experiências -- que muito provavelmente, é o que me parece agora, não vão se concretizar. Experiências que fazem parte da vida de tanta gente e que eu fico a observar do lado de fora, pela janela, incapaz de participar.

Ontem à noite me arrastei para o teatro. Não estava animada para ir, mas o ingresso já estava comprado e fazia um tempo que eu não via uma apresentação do conjunto de música em questão. No meio do espetáculo, durante uma canção de amor, talvez, notei a troca de olhares de dois dos músicos. Quanto mais acontecia, mais o pensamento se formava: serão eles um casal? Acompanho o conjunto faz um tempo e nunca tinha reparado. Eles se olhavam com frequência, sorrindo, e ela cantava as partes mais bonitas das canções para ele. Casal ou não, era um olhar terno, de cumplicidade e admiração, o tipo de coisa que existe tanto entre um casal de amantes quanto entre dois músicos experientes e apaixonados pelo o que fazem. Naquele instante, fiquei feliz de ser testemunha de um momento tão singelo. Segurei a risada e as lágrimas, aplaudi com os demais ouvintes, e saí de lá meio deslumbrada com esse negócio que a gente chama de vida.

Sigo olhando pela janela.

10 de out. de 2024

AGF

Essa semana recebi uma compra que fiz num sebo online. Veio tudo muito direitinho, e eles embrulharam meus livros numa folha do Suplemento Literário de Minas Gerais, cuja edição comemorava o centenário do poeta Alphonsus de Guimaraens Filho. Calhou que na folha vieram quatro poemas que eu até então desconhecia. Um deles, Balada dos moços dos tempos d'antanho (p.25 do suplemento), é grande demais para colocar nesse post, mas deixo aqui os outros três, já que não consegui escolher um só.

*** 

2 de out. de 2024

Leituras de agosto e setembro

Nos últimos meses tenho andado desleixada quando se trata de leituras. Para contornar essa situação decidi tentar voltar ao ritmo de pessoa-que-lê-nas-horas-vagas-ao-inves-de-ficar-olhando-para-uma-tela com umas leituras mais curtas, só pra me lembrar de como é ler um livro. Sendo assim, em agosto li

- Ideias para adiar o fim do mundo (Companhia das Letras, 2019) do Ailton Krenak. Do Krenak eu nunca tinha lido nada, então comecei pelo mais famoso, que coincidentemente era o que estava dando mosca no sebo. O Ideias... é a reunião das adaptações de duas palestras e uma entrevista; três textos, no total. Particularmente, acho que ouvir o Krenak palestrar deve ser mais cativante do que ler a palestra, mesmo que adaptada. Um texto que foi produzido para ser discursado para uma plateia geralmente não tem o mesmo efeito quando a gente lê na sala da nossa casa. Ainda assim, foi bom ler o Krenak e finalmente conhecer mais da pauta que ele defende.

***

Já no início de setembro entrei de férias, o que significa que a leitura rendeu. Viajei, levei cinco livros comigo e consegui ler todos os cinco. Isso só confirmou minha suspeita de que talvez o ideal seja eu largar todos os meus compromissos e virar uma eremita que vive apenas de leitura. Comecei o mês com  

- O céu dos suicidas (Alfaguara, 2012), do Ricardo Lísias, autor que eu não conhecia. O livro foi comprado esse ano, o clássico vi num sebo, o título me chamou atenção, etc. A trama trata de um colecionador, há anos sem ter uma coleção, que deve lidar com o suicido de seu melhor amigo. É meio tosco resumir um livro em uma frase, mas é esse o acontecimento que desencadeia toda a narrativa. O livro tem capítulos bem curtinhos, que não ultrapassam duas páginas -- o que combina com um colecionador de selos e tampinhas de garrafa, miudezas -- e por conta disso a leitura flui bem rápido. Não foi uma leitura que me conquistou, confesso, mas gostei de conhecer a escrita do Lísias e espero ler outro livro dele no futuro. Depois li

- Bambino a Roma (Companhia das Letras, 2024), do queridíssimo Chico Buarque. Esse eu estava super animada para ler; é lançamento e também o segundo do Chico que leio esse ano. Bambino..., que traz na capa a indicação "FICÇÃO" logo abaixo do título, apresenta dois anos de uma infância em Roma que se constrói através da memória, do real e do imaginário. Não é de hoje que Chico faz esse jogo entre memória e esquecimento -- e, consequentemente, aí entra o imaginário, que completa as lacunas. Eu queria falar mais sobre esse livro (que eu gostei demais), mas, francamente, no momento me faltam palavras e esse post tem que sair logo. Desculpa, Chico!

- Auto-retrato e outras crônicas (Record, 1989), do Drummond. Ou melhor, finalizar a leitura. Eu tinha iniciado ele em abril (!!!), mas as circunstâncias da vida (leia-se desanimo total) me fizeram deixar ele de lado. A seleção das crônicas foi feita pelo Fernando Py, tendo como fontes a revista Leitura, o Correio da Manhã e o Jornal do Brasil. As crônicas, organizadas por ordem de publicação, abrangem os anos de 1943 até 1970, mas a maioria delas é da década de 60. Como todo bom cronista, Drummond compõe um delicado retrato daquilo que era o mundo na época, como no caso de "Ontem, em casa de Anibal...". Destaque para "Chuva no papel" e "Os dias escuros", que falam das chuvas no Rio de Janeiro (nada mudou); "Coração de moça", sobre transplante de órgãos; e "A Banda", que é exatamente sobre o que você está pensando.

- Dois irmãos, do Milton Hatoum (Companhia de Bolso, 2006). Não tenho muito o que falar desse aqui (desculpa) além de que estou satisfeita demais por ter lido um livro que parece que todo mundo leu menos eu. Gostei da leitura. Agora vou ir atrás da adaptação em quadrinhos dos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon.

- Pernoite (Martins Fontes/FUNARTE, 1989), do Antônio Maria. O Maria é um dos meus grandes queridinhos quando se trata de crônica (o outro é o Braga, claro). Esse foi um achado de sebo, e fiquei curiosa para ver se nele tinha crônicas que não entraram em Vento Vadio (Todavia, 2021), ótima antologia do Maria organizada pelo Guilherme Tauil. A resposta é sim, tem crônicas que não estão no outro livro (ou melhor, Vento Vadio traz novas crônicas que não estão em Pernoite), mas acho que por um bom motivo: Maria tem crônicas melhores do que essas. A proposta de Pernoite é trazer uma seleção das crônicas publicadas pelo Maria numa coluna de mesmo nome, mas, francamente, da seleção apresentada quase nenhuma se destaca. Se você quer conhecer o Antônio Maria, ou quer conhecer ele melhor, recomendo mesmo Vento Vadio, que é um trabalho muitíssimo cuidadoso do Tauil e uma excelente apresentação ao Maria (mas também dá para dar uma olhada nas crônicas dele no Portal da Crônica Brasileira). 

- Chico Buarque: Perfis do Rio, da Regina Zappa (Relume Dumará/RioArte, 1999). Foi engraçado ler esse aqui depois de Bambino a Roma, porque algumas informações e anedotas trazidas pela Zappa também foram utilizadas pelo Chico para o desenvolvimento da narrativa dele (a bicicleta cromada, a namoradinha do colégio...), então foi um surpresa agradável ir encontrando as semelhanças entre um e outro. O objetivo do livro em questão é realizar um perfil do Chico -- não é uma biografia! Gostei bastante do início do livro, das conversas da Zappa com o Chico, o relato dela de como é o backstage de um dos shows dele, os relatos das pessoas que trabalham com ele. Da metade para o final algumas partes vão ficando menos interessantes, particularmente os capítulos em que Zappa entrevista a Marieta Severo e as filhas do Chico. Um perfil é para ser algo pessoal, claro, mas nesses momentos tive a impressão de que muito da vida pessoal dele foi exposta (isso vindo de alguém que gosta de ler cartas e diários). Ainda assim, gostei de ler sobre o processo criativo do Chico, como ele trabalha, as anedotas da juventude dele.

***

Eu ia escrever um post só para a resenha de Bambino a Roma, mas descobri que deveria ter começado a escrever assim que terminei o livro (a ideia está mais fresca na cabeça) e não quase um mês depois (a ideia já começou a apodrecer). E também que não deveria ter lido a resenha do Odorico Leal antes, o que me deixou seriamente desmoralizada e descrente na minha capacidade de resenhista. Acabou que, no final das contas, nem um parágrafo saiu. Lições aprendidas: 1) escrever o quanto antes; 2) não ler a resenha dos outros antes de terminar de escrever. Bola pra frente.

Bom, esse foi o meu mês (agosto quase não conta). Só autores nacionais! Escrevendo esse post fui perceber que o único livro da lista que não é de segunda mão é o Bambino a Roma, já que é um lançamento. O resto é fruto dessa minha honrada labuta como rato de sebo.

4 de set. de 2024

Giselle mad scene

Giselle foi o primeiro ballet que eu assisti. Assisti duas vezes, primeiro no que provavelmente era um dos piores lugares da casa, no qual eu tinha uma visão melhor do fosso da orquestra do que do palco. Na apresentação seguinte, no mesmo teatro, fiquei num lugar melhor, com uma vista linda dos bailarinos.

Giselle, ao descobrir que seu amado Albrecht é, na verdade, um nobre já comprometido, morre de um coração partido. A cena da loucura de Giselle e sua subsequente morte foi, para mim, a mais marcante de toda a apresentação. Gosto de como ela solta os cabelos, de como ela brinca com a espada, e os camponeses ao fundo, tristes testemunhas.

 
Giselle, interpretada por Karen Kain, em 1976.

 
Giselle, interpretada por Natalia Osipova, em 2014.

22 de ago. de 2024

O diabo disfarçado de mulher

O primeiro computador lá de casa era um trambolho enorme feito de partes reaproveitadas de outros computadores. Ele ficava no quarto dos meus pais, num daqueles racks de compensado para computador com uma prateleira exclusiva para cada acessório imaginável. Já naquela época ele era um jovem deus em seu altar -- um jovem deus que usava um protetor de tela que eu sempre tirava quando meus pais não estavam olhando.

Uma internet decente demorou para chegar lá em casa, então, enquanto isso, eu gastava todo o meu tempo com jogos em CD-ROM. Eles eram vendidos junto com revistas em bancas de jornal, apesar de eu não ter uma lembrança sequer nem de qualquer uma dessas revistas, nem de ir na banca escolher um CD: até onde eu sabia, eles apareciam magicamente no porta CDs que a gente tinha (que, inclusive, foi um brinde de uma promoção de um posto de gasolina. Sim, quero ver quantas informações inúteis consigo colocar em um post só).

Um desses CDs era o 101 Dálmatas: Livro Animado Interativo (1999). O próprio nome já diz tudo e eu não tenho muito o que explicar aqui, mas ele era (é) um livro interativo que conta a história do filme, junto com alguns joguinhos e músicas. Alguns bons anos atrás, vira e volta eu me lembrava de uma das músicas e, apesar de me lembrar de parte da letra, nunca conseguia achar um vídeo com a canção. 

A música em questão era uma da Cruella de Vil. A parte dela que eu me lembrava com mais clareza é a que chamavam a Cruella de "o diabo disfarçado de mulher" o que, apesar do trocadilho do "de Vil" (sem internet, uma criança brasileira pode passar a vida inteira sem saber dessa, convenhamos) é bem ousado para um joguinho da Disney de 1999. Você se lembra daquela confusão que foi o comercial com os "pôneis malditos"? Aquilo foi em 2011, só para vias de comparação.

Alguns anos atrás minha busca acabou e finalmente encontrei a música, assim como todas as outras do CD e o gameplay completo. Eu cresci com ela então tenho total consciência de que sou meio suspeita para falar, mas gosto demais da (aparente) simplicidade dela e de como, em menos de um minuto, ela é capaz de apresentar o perfil de uma personagem de forma tão hábil:


 

Cruella de Vil, Cruella de Vil,
A coisa mais rara é vê-la gentil.
Ao vê-la sinto logo um arrepio.
Cruella, Cruella de Vil.
Ao vê-la, você pensa que é o diabo.
O diabo disfarçado de mulher.
Você vai confirmar, pois ela vai mostrar
que ataca como um animal qualquer.
É uma vampira, querendo sugar.
Deviam prendê-la e nunca soltar.
O mundo era bonito até que viu
Cruella, Cruella de Vil!

Também achei a versão original em inglês da música e, talvez seja a nostalgia falando mais alto, mas ela não é tão legal quanto a nossa versão brasileira. É uma pena eu não ter acesso ao nome dos tradutores ou até mesmo do estúdio de dublagem, que também fez um ótimo trabalho. A Disney sempre teve traduções muito boas, principalmente no que diz respeito às músicas (pelo menos a Disney de alguns anos atrás, eu não faço ideia de como eles estão recentemente). Música é um desafio para traduzir e, nesse caso, tem que ser levado em consideração não só os aspectos usuais da tradução de músicas, mas também a imagem da animação.

Para fechar o post, o vídeo da canção é parte do trabalho do Vinícius Garcia, que simplesmente tem um diretório fantástico dedicado à preservação de CD-ROMs infantis. A parte engraçada é que ele conta que iniciou esse projeto porque, em 2018, acordou "com uma enorme vontade de ouvir a música 'Há Muito Cão', do jogo 101 Dálmatas - Livro Animado Interativo".

13 de ago. de 2024

Sem título

Essa noite sonhei que estava na praia. Dava para sentir o cheiro das algas, o sol estava ardendo, a maré baixa, e era um dia perfeito para colocar a cadeira de praia bem onde a onda quebra, só para sentir o frescor da água...

É a segunda vez em menos de um mês que eu fico gripada; por natureza já sou meio miserável no frio, e estar num estado febril pelo terceiro dia seguido não ajuda em nada. Passei esses dias à base de vários cochilos, vendo o trabalho acumular e me perguntando se tem gente que se casa só pela comodidade de ter alguém que cuide dela num momento desses.

Na falta de um ser iluminado para se comiserar do meu estado moribundo (sem problemas), eu mesma me arrastei para cozinha para fazer o almoço e depois tive que arranjar coragem para colocar a mão na água fria e lavar a louça. O único momento em que meu nariz não fica entupido é quando estou de pé, só que ficar de pé não está numa classificação muito boa na lista de coisas que tenho energia para fazer.

Peguei o computador para finalizar um trabalho que é para hoje, comentar em uns blogs e escrever esse post aqui. Queria que estivesse sol, queria estar sentindo calor e, principalmente, queria estar vendo as ondas quebrando na praia.

28 de jul. de 2024

E nada como um tempo após um contratempo

Eu quero escrever, mas não sei o quê. Ontem, dia 27 (sábado!), celebramos três meses sem post novo no blog. Se não fosse pelo BEDA provavelmente seria mais, já que não postei as aquisições e leituras do mês de Abril. Acontece que desanimei com a minha própria proposta - às vezes é complicado soltar um parágrafo inteiro a respeito de um livro sobre o qual você não tem muito a dizer. E, para completar, de lá pra cá não li nada. Zero livros desde o início de Abril até agora.

De vez em quando isso acontece, isso de ficar um tempo sem ler, mas não sei se já fiquei tanto tempo sem abrir um livro. Quando isso acontece eu inevitavelmente me encontro num ciclo vicioso que é: não leio porque estou desanimada, fico mais desanimada ainda porque estou sem ler, não consigo pegar num livro porque estou desanimada porque não consigo ler, o desanimo aumenta porque... e por aí vai. 

Mas quero muito voltar a escrever aqui. O único post pessoal nesse blog é o que eu mais gostei de escrever, o que é engraçado porque quando comecei o blog eu tinha definido que ele não seria um diário, mas sim um espaço para escrever sobre literatura, filmes, e cultura em geral... enfim... acho que é possível encontrar um equilíbrio entre as duas coisas. Vamos ver.

Obrigada se você esteve aqui no blog durante essa minha ausência, e obrigada se você está lendo isso aqui agora. Para fechar, deixo aqui o link de um artigo delicioso de autoria do Alex Castro, para a revista Quatro Cinco Um, no qual ele apresenta o conceito de "Tsundoku", a arte de acumular livros. Eu posso não ter lido nos últimos meses, mas é claro que continuei comprando livros.

Até mais!

27 de abr. de 2024

[BEDA 2024] Tag 4 x 4

Ahh, a última postagem do BEDA. E não é que todos os posts saíram mesmo? Por último ficou a Tag 4X4, que é meio auto-explicativa, né.
 

20 de abr. de 2024

[BEDA 2024] Compartilhe apenas as notícias positivas da sua semana

- Vi duas tartarugas marinhas se alimentando na praia

- Vi um rapaz sair do carro para ajudar um pombo a atravessar a rua em segurança

- Vi um biguá mergulhar e pegar um peixe

- Iniciei um projeto de costura

- Terminei um projeto de costura

- Presenteei alguém

- Alguém gostou do presente

- Fui na minha praia favorita

- Olhei as ondas baterem nas pedras

- Comprei a jaqueta corta vento perfeita para caminhar no inverno

13 de abr. de 2024

[BEDA 2024] Meus looks favoritos do Tokyo Fashion

Não sei desde quando eu acompanho o Tokyo Fashion, mas ele esteve do meu lado durante várias fases do desenvolvimento do meu estilo pessoal. Ultimamente eu não tenho acompanhado com tanto afinco, mas vira e volta me lembro do blog e perco um tempo olhando as fotos. É divertido olhar o estilo dos outros e gosto bastante dos textos que eles escrevem com um pouquinho sobre o fotografado. Infelizmente, eles não atualizam o blog desde 2023, mas continuam ativos no Instagram. 

Uns dias atrás perdi mais um tempinho e selecionei alguns dos meus looks favoritos. Vamos lá:

6 de abr. de 2024

[BEDA 2024] Tirando a poeira da estante: os próximos livros que quero ler

Eu compro muitos livros, sim. Esse ano finalmente vou ficar sabendo o quanto. E quando eu comparar com a quantidade de livros que li, sei que vai ser vergonhoso. Eu gosto de boas traduções, boas edições. Bons sebos, bons preços... E acontece de, às vezes, algum livro ficar encalhado na estante de casa. Não acho que seja um grande problema. Se bem cuidado, um livro na estante pode durar bastante tempo, até. Os livros que compro geralmente são ligados a assuntos que já tenho interesse, ou autores que já conheço, ou autores que são influência de autores que já conheço... raramente compro coisas às cegas então, mesmo depois de anos pegando poeira, os livros que tenho continuam a me interessar. 

Achei legal fazer uma listinha de livros que estão na estante faz um tempo, mas que ainda tenho que ler. Seria bom ler todo mundo esse ano, vamos ver se consigo.

Norwegian Folk Tales, Peter Christen Asbjørnsen e Jørgen Moe. Um tempo atrás descobri o conto norueguês East of the Sun and West of the Moon, que geralmente é tratado como uma narrativa que formou-se através do mito de Cupido e Psiquê, um dos meus favoritos de todos os tempos. Além disso, eu cresci com o Literatura oral para a infância e a juventude, da Henriqueta Lisboa, que foi um livro que marcou bastante meus anos formativos. Achei uma boa conhecer mais sobre o folclore de outra gente, mas acabou que comprei ele e não li. Acho que foi no ano passado? Retrasado? Pelo o que sei, o Peter Christen Asbjørnsen é um dos grandes nomes quando se trata do folclore noruegês.

- Diários: 1909-1923, Franz Kafka. Esse eu comprei acho que logo quando foi lançado. É uma edição bem cuidadosa da Todavia. Acho que o diário do Kafka é um dos mais populares entre os diários de escritores, isso se ele não for o mais popular. Não tenho uma opinião 100% formada a respeito da discussão de se é ético ou não sair por aí publicando diários e outros escritos pessoais de gente que já se foi, mas acontece que eu acho tão divertido livros de correspondências ou diários...

- Chega de saudade: a história e as histórias da bossa nova, Ruy Castro. Sou fã demais do Ruy Castro, apesar de, por enquanto, ter lido pouca coisa dele. O Ruy tem uma escrita bem acessível e, apesar dos vários nomes que formam a história da bossa nova, os relatos que ele traz nunca ficam confusos. Em A onda que se ergueu do mar, um dos que eu li, ele conta sobre uma entrevista que ele fez com o Tom Jobim, logo após o Tom ter gravado com o Frank Sinatra... A inveja mata, gente... E, pelo o que vi, A onda que se ergueu do mar é tido como continuação de Chega de Saudade. Imagina ter entrevistado o Tom Jobim e deixar isso prum outro livro?

- A mulher calada: Sylvia Plath, Ted Hudges e os limites da biografia, Janet Malcolm. Esse eu comprei um milhão de anos atrás, antes mesmo de ter lido Sylvia Plath. A compra foi motivada, em geral, porque meu interesse em biografias se dá mais pelo processo de escrever uma do que pela biografia em si. Agora que eu finalmente li The Bell Jar já não tenho mais desculpa para enrolar mais ainda a leitura desse aqui.

- North & South, Elizabeth Gaskell. Eu já comentei brevemente sobre quando assisti North & South, adaptado pela BBC. Fiquei apaixonada, etc etc, e logo depois encontrei esse paperback super acessível ($) da Wordsworth Editions dando bobeira na Travessa. Um no-brainer, como dizem por aí. Eu cheguei a começar a ler durante uma viagem, mas não dei continuidade. Vou dar uma nova chance para ele, claro, porque na época que eu abandonei ele eu estava lendo pouco mesmo. Nunca li nada da Gaskell então, além do enredo da série, não faço muita ideia do que esperar.
 

1 de abr. de 2024

BEDA 2024

A Lana do Porcelana fez uma nova proposta de BEDA: ao invés de um post por dia (completamente inviável, convenhamos), um post por semana. Na página que ela fez tem mais instruções e as propostas de tema. Eu fiz um self-service com as recomendações da Lana e, depois de algumas adaptações, terminei com essa lista preliminar de posts:

1. Os próximos livros que quero ler (e que estão parados na minha estante)
2. Os meus looks favoritos do Tokyo Fashion
3. As notícias positivas da minha semana
4. Tag 4 x 4

Ainda não sei qual dia da semana vou tirar para publicar as postagens, mas elas eventualmente vão sair. Tchau.

31 de mar. de 2024

Leituras de fevereiro e março

Em janeiro eu escrevi "espero conseguir manter três livros por mês como um mínimo para o resto do ano" e aí eu imediatadamente caí ladeira abaixo e li só um livro em fevereiro. C'est la vie. Vamos começar pela leitura de fevereiro:

1. Sense and Sensibility, Jane Austen. Eu comecei a escrever uma resenha de Sense and Sensibity, mas estou tão acostumada com as maravilhas do Google Docs e o recurso de salvar automaticamente que me esqueci que estava no LibreOffice e em algum momento fechei tudo sem salvar. Nessa eu perdi tudo o que eu tinha feito, que era basicamente metade da resenha. Eu ia tentar resumir o que tinha escrito aqui, mas desisti, vou reescever essa resenha e ainda publico ela aqui um dia.

***

Em março consegui recuperar meu ritmo. Vamos lá:

1. The Bell Jar, Sylvia Plath. Eu bem disse que lendo em inglês eu iria conseguir terminar esse aqui. Comecei em um dia e terminei no outro. Faz um bom tempo que eu não leio um livro que a narrativa é e tão envolvente a ponto de não perceber o tanto de páginas que já li. Certamente é um que vou revisitar em breve.

2. Essa gente, Chico Buarque. Do Chico eu tinha lido somente O irmão alemão, no ano retrasado, que eu gostei bastante. Com esse aqui não foi diferente. É um retrato muito bem construído desses nossos últimos anos e acredito que tem o potencial de, futuramente, ser lembrado por conta disso (estou chutando). Eu gosto demais do Chico como músico, tenho que ler mais coisas dele. Para quem não está acostumado com o gênero epistolar pode ser um pouco díficil no começo, mas vale a pena persistir.

3. A hora da estrela, Clarice Lispector. Eu vou ser honesta e dizer que nem comentário genérico eu tenho. Gostei demais mesmo. Eu já tinha história com A hora de estrela antes mesmo de ler, mas não vou contar porque é pessoal demais. Tenho um bocado de livros da Clarice por aqui, de uma época que eles estavam com um preço bom (e não era eu quem pagava pelos meus livros...). Ler um por mês seria uma boa.

4. O conto da ilha desconhecida, José Saramago. O último que li do Saramago foi O ano da morte de Ricardo Reis, lá em 2019 (cinco anos atrás? Socorro...). Nunca tinha lido uma narrativa mais curta dele (excetuando A maior flor do mundo, que eu não me lembro de mais nada sobre, desculpa), mas o conto retém bastante do estilo dele e pode ser uma boa opção para quem tem medo do Saramago (apesar de que não existe motivo para tal coisa, tenha confiança e inicie por um dos romances mesmo). O conto da ilha desconecida é bem curtinho e terminei de uma vez só.

5. Até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera. Do Galera eu li Barba ensopada de sangue uns mil anos atrás e desde então mais nada. A prosa dele é absurdamente fluida. Iniciei e terminei a leitura no mesmo dia. Acho que tenho que reler Barba ensopada de sangue. Se antes eu já queria ler Cordilheira agora quero mais ainda: é bobagem, mas estou curiosa para saber como ele escreve uma narradora feminina, já que tanto as mulheres de Até o dia... quanto as de Barba... são constantemente enviesadas pelo olhar do narrador masculino.

29 de mar. de 2024

Aquisições de março

1. Down and Out in Paris and London, George Orwell. Virou hábito ir na livaria do shopping e escolher algo do Orwell. Lá tem uns paperbacks bem em conta. Também sou fã de relatos de viagem, então nada como unir o útil ao agradável.

2. The Talented Mr Ripley, Patricia Highsmith. Eu tenho vontade de ler alguma coisa da Highsmith desde que vi Carol, dir. Todd Haynes (claro), mas nunca tinha encontrado nada dela dando bobeira por aí. Até que esses dias entrei por entrar num sebo, perguntei se tinham alguma seção de livros em inglês, e encontrei The Talented Mr Ripley em paperback numa banca com um gato pingado de livros em inglês.

3. O mito de Sísifo, Albert Camus (trad. Ari Roitman e Paulina Watch). Um tempo atrás me dei conta de que nunca tinha lido Camus e, quando fui dar uma (outra) volta na livraria do shopping, acabei comprando essa edição da Record. Escolhi O mito de Sísifo meio que porque lá não tinha O estrangeiro, que de longe é o livro mais popular dele. E eu não sei em que tipo de papel essa edição foi impressa (no livro não diz), mas as folhas tem um cheiro forte que até agora não conseguir descrever direito, o mais próximo que consegui foi cheiro de pastelaria.

4. O cavaleiro inexistente (trad. Nilson Moulin), Italo Calvino. O preço no sebo estava ótimo, nunca li nada do Calvino além do "Por que ler os clássicos" (o ensaio, não o livro). Próximo.

5. Paisagem brasileira: dor e amor pelo meu país, Lya Luft. Da Lya Luft nunca li nada (esse blog só existe para eu enumerar as coisas que nunca li). O preço estava bom e o título chamou atenção. Do sebo também.

6. Até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera. O último da minha ida ao sebo (apoiem os sebos da sua cidade!). Logo quando eu ia embora lembrei de ver se tinha algo do Galera. Comprei, comecei a ler e terminei de ler no mesmo dia, o que certamente é um bônus.

22 de mar. de 2024

As coisas que não escrevo

Esse mês tinha pensado em escrever sobre umas voltas que dei (foi uma só), sobre uns filmes que assisti (três), e no final não saiu nada (zero). A hora que a ideia brota não é muito propícia para escrever: estou batendo perna na rua, vendo as pessoas, ou acabei de sair do cinema e não enxergo nada ou, pior, às vezes o filme nem terminou ainda. Quando chego em casa tenho só um rastro de ideia, como se ela fosse a minha sombra que, inexplicavelmente, decide se afastar de mim e aos poucos se descola dos meus pés para seguir com a vida dela.

Andar sábado de manhãzinha na cidade é tudo de bom: o comércio ainda abrindo, o pessoal que virou a noite ainda indo para casa, os gatos ainda rondando as ruas e eu, que acabei de chegar. Tênis, jeans, camiseta, bolsa transversal e óculos escuros e eu poderia passar o dia todo zanzando. Sábado as coisas fecham cedo, então a estratégia de sempre é passar nas lojas primeiro e só depois ir pro mercado de pulgas, que fecha mais tarde. 

Olhei a decoração de Páscoa das lojas, desisti da ideia de fazer uma guirlanda de Páscoa para a porta, comprei dois ovinhos plásticos enfeitados para pendurar na maçaneta e me dei por satisfeita. Atravessei todas as ruas com cuidado porque uma semana antes minha mãe teve um sonho em que eu fui atropelada. Me enfiei num sebo sem um objetivo específico, só pelo simples prazer de olhar as lombadas dos livros nas prateleiras e procurar algum gato cochilando para fazer carinho. O livro que eu olhei na vitrine do sebo, que pensei em comprar e não comprei, acabei ganhando de presente uma semana depois.

Na loja de CDs e DVDs tive sucesso e saí de lá faceira com cinco DVDs para a coleção (um deles eu tinha visto lá pelo menos dois meses antes, não levei, me arrependi de não ter levado, achei que ele não fosse mais estar lá, mas lá estava ele). O CD Inédito, do Jobim, eles não têm. O senhor da loja disse que conseguiria um pra mim até segunda, mas segunda eu não tinha como passar lá. Não precisa, obrigada, estou sempre por aqui mesmo. 

Fui olhar as quinquilharias do mercado de pulgas, almocei, comprei um milkshake pela primeira vez em anos, caminhei mais um pouco. Depois disso fui para o cinema (O Menino e a Garça). E no domingo também (Duna: Parte Dois). E no outro final de semana também (Anatomia de uma Queda). Aqui seria muito legal inserir uma resenha sobre cada filme, que na verdade eu tinha planejado em comentar em dois posts separados, um para cada final de semana, mas vamos ter que nos contentar com só isso aqui mesmo, se não for assim esse post não sai.

Só em casa que me lembrei que a dois quarteirões da loja de CDs tinha uma outra em que eu poderia ter procurado o CD do Jobim, mas não tem problema: qualquer coisinha é motivo para passar outro sábado rodopiando por aí.

22 de fev. de 2024

Aquisições de fevereiro

O início de Fevereiro foi xoxo, fraco, manco, anêmico, frágil e inconsistente. Para tentar contornar essa situação eu acabei adquirindo várias coisinhas tendo como justificativa o fato de que eu já vinha procurando por elas faz um tempo (verdade) e que se eu não comprasse agora iria perder a oportunidade (também verdade). E o pior é que não seria a primeira oportunidade perdida (é incrível que eu não sou a única pessoa disposta a torrar dinheiro com DVD de série britânica de 30 anos atrás).

Para que eu possa me organizar melhor, os itens vão estar listados em ordem de chegada. É a primeira vez que eu registro os livros que eu adquiro ao longo do ano, e já sei que vai ser vergonhoso quando eu comparar quantos livros eu comprei vs. quantos eu li. Ai ai.

***

Livros

1. The Complete Brambly Hedge, Jill Barklem. Esse tecnicamente foi adquirido em Janeiro, mas como só chegou em Fevereiro (no dia 1º!) ele vai entrar nessa lista aqui. Conheci as ilustrações da Jill Barklem através do Pinterest e desde então sou apaixonada. Vira e volta eu procurava por algum livro dela à venda aqui no Brasil, mas nunca achava. Ela não foi traduzida aqui e pelo jeito não é muito popular por essas bandas. Mas um dia, por um acaso, encontrei essa belezinha à venda no Enjoei (o último lugar que eu esperaria encontrar). The Complete Brambly Hedge reúne os oito livros da série Brambly Hedge e é uma lindeza só. Pretendo, eventualmente, fazer um post só para ele.

2. The Bell Jar, Sylvia Plath. Eu tenho a edição brasileira da Biblioteca Azul (trad. Chico Mattoso), comecei a ler uma vez e nunca terminei. Aí cismei que lendo em inglês eu iria terminar. Vamos ver. Lá da Estante Virtual.

3. Mists of Avalon, Marion Zimmer Bradley. Uma das minhas leituras favoritas dos meus anos de pré adolescentezinha foi Avalon High, da Meg Cabot, que é baseado na lenda do Rei Arthur. Apesar de ter lido esse livro milhões de vezes nos meus anos formativos, nunca me interessei em nada relacionado à lenda. Mists of Avalon é um clássico do gênero fantasia histórica e nem mesmo meu desinteresse poderia fazer com que eu nunca tivesse ouvido falar dele. Lembrei dele um dia desses e resolvi dar uma chance. Lá da EV.

4. Oppenheimer: the complete screenplay, Christopher Nolan. Em várias entrevistas o elenco de Oppenheimer comentava o quanto o roteiro é magnífico, e eu acabei ficando curiosa, ainda mais quando o Cillian Murphy disse que é todo em primeira pessoa. Então vamos ver o que eu, que nunca li um roteiro na vida, tenho a dizer a respeito. Comprado no site da Travessa.

5. História da solidão e dos solitários, Georges Minois. Durante algumas idas à livraria eu dava uma olhadinha nesse aqui, mas não comprava. Achei com um preço melhor na EV e foi o incentivo que eu precisava.

6. O século da solidão, Noreena Hertz. Eu tinha pesquisado o livro anterior e esse aqui sempre aparecia como similar. Comprei achando que não fosse gostar tanto dele quanto o do Georges Minois, mas, depois de dar uma folheada e ler os índices, acabei gostando mais desse aqui. Vamos ver se depois da leitura a opinião vai se manter. Lá da EV.

7. Avalon High, Meg Cabot. Vide o número 3 dessa lista. A última vez que reli Avalon High foi em 2022, depois de muitos anos da última releitura, e ele continuou sendo um ótimo livro de pré adolescente. Comprei mais por nostalgia e também porque da próxima vez que eu reler (é inevitável) não quero ler em tela. Da EV.

8. Jane Austen Cover to Cover: 200 Years of Classic Covers, Margaret C. Sullivan. Esse aqui foi um achado lá no Enjoei, ainda mais levando em consideração que eu nem estava procurando por ele. É um livro lindíssimo compilando algumas (muitas) das capas de edições da obra da Jane Austen. Eu tenho cogitado começar a colecionar edições de Pride and Prejudice e agora já sei que esse livro vai ser uma grande ajuda (e influência) nessa saga. Também penso em fazer um post separado para ele.


DVDs

1. North & South de Elizabeth Gaskell, BBC. Assisti North and South duas vezes, e ambas as vezes foram no YouTube e com uma qualidade de imagem baixíssima. Parece que as produções da BBC em mídia física não circularam muito aqui no Brasil, porque não é sempre que aparece por aí para comprar (pelo menos o original…), geralmente com um preço meio salgado para um DVD duplo. Às vezes também acontece de aparecer a versão importada, mas eu queria com legenda e com legenda só a versão brasileira. Achei esse aqui no Enjoei e fiquei super satisfeita, já que tinha perdido uma oportunidade de comprar ele anteriormente.

2. Orgulho & Preconceito, BBC. Também assisti esse aqui no YouTube com uma qualidade porca (e no celular, ainda por cima). Estava querendo rever, então estava de olho para quando aparecesse uma chance de comprar. Isso não impediu que eu também perdesse uma oportunidade, igual no caso de North and South. Do Enjoei.

3. Emma, BBC. Nunca vi essa versão de Emma, mas no fã clube da Jane Austen muita gente diz que é a melhor. Estava com o preço ótimo então resolvi arriscar. Do Enjoei também. Agora que tenho duas produções austenianas da BBC, vou ficar de olho nas outras...

***

Foi um post longo, pois é, por isso já estou publicando hoje: nada de comprar mais livros até o fim do mês. Arrivederci.

8 de fev. de 2024

Aquisições de janeiro

1. O Nome da Rosa, Umberto Eco. Um achado no sebo, livro de saldão novíssimo. Devo confessar que já li o Pós-Escrito a O Nome da Rosa, mas nunca li O Nome da Rosa. Foi comprado exatamente para um dia eu não ter mais que fazer uma confissão dessas.

2. Pois é, Paulo Rónai. Livro de saldão também do mesmo sebo. Eu tenho o Escola de tradutores (outro livro de saldão também do mesmo sebo) que eu ainda não li. Comprei para eles fazerem companhia um ao outro na estante.

3. Nineteen Eighty-Four, George Orwell. Depois de ler Animal Farm eu tinha que comprar 1984 para ler o outro grande clássico do Orwell. Né? Comprado na livraria do shopping.

4. Pride and Prejudice, Jane Austen (Penguin Classics). A minha edição de Pride and Prejudice é uma maravilhosa da Oxford World's Classics (recomendo demais). Quis comprar a edição da Penguin porque fiquei curiosa a respeito dos paratextos. Na próxima vez que eu reler P&P vou ler essa edição. Comprado na Estante Virtual.

5. Pride and Prejudice, Jane Austen (Penguin Popular Classics). Quis uma versão de bolso para carregar por aí. Lá da EV.

6. Pride and Prejudice, Jane Austen. Fui conquistada pela capa (um still belíssimo do filme de 2005) e, enquanto eu estava distraída com a Keira Knightley e o Matthew Macfadyen, não vi as letrinhas miúdas abaixo do título que dizem "Abridged version to accompany the Penguin Audiobook". Shame on me. Mas, em minha defesa, a foto na EV é pequenininha. Sem mais comentários.

2 de fev. de 2024

Leituras de janeiro

Está liberadíssimo fazer postagem de janeiro em fevereiro. 

Em janeiro, li três livros. É um número que eu considero baixo (para mim), ainda mais levando em consideração que li os dois primeiros na primeira semana do mês e depois disso meu ritmo de leitura despencou drasticamente. Ainda assim, espero conseguir manter três livros por mês como um mínimo para o resto do ano.

1. Animal Farm, George Orwell

Do Orwell eu havia lido apenas duas antologias de ensaios, Some Thoughts on the Common Toad e Books v. Cigarettes (ambos merecem resenhas, fica pra próxima). Gostei horrores dos ensaios, mas confesso que não lembro se Animal Farm parou na minha estante depois ou antes de eu ter lido eles (inclusive, estou tentando lembrar onde comprei ele e não faço a mínima ideia, só sei que foi em sebo). De qualquer forma, Animal Farm é um clássico e sempre acho meio complicadinho falar sobre os clássicos, é algo que ainda tenho que superar.

A edição que eu tenho é da Penguin English Library, que recomendo por conta dos dois paratextos presentes: o primeiro é uma proposta de prefácio do livro, assinada pelo próprio Orwell, que não foi publicada na primeira edição (de 1945), mas cujo texto datilografado foi posteriormente encontrado e publicado em 1972. O segundo texto é o prefácio da edição ucraniana -- da qual Orwell não recebeu os royalts, já que ele os recusava quando a edição era uma tradução voltada para um público que, em geral, não tinha condições financeiras de comprá-la. Um detalhe curioso é que o original em inglês desse prefácio foi perdido, então tiveram que traduzir a tradução do ucraniano de volta para o inglês.

Orwell entrou no domínio público em 2021, e se antes disso já tínhamos algumas traduções brasileiras, agora temos uma porção: Melhoramentos, Antofágica, Companhia das Letras, Buzz, Biblioteca Azul, Martin Claret... só para citar algumas das editoras que (re)lançaram uma edição em 2021. Não sei qual recomendar pois desconheço todas, mas deixo a sugestão de, caso não seja possível a leitura do inglês, procurar pela tradução desses dois prefácios.

 

2. O menino do dedo verde, Maurice Druon (trad. D. Marcos Barbosa)

Esse estava pegando poeira na minha estante há anos (uns 15, sem exageros). A minha edição é a 81ª, de 2007, e pelo jeito em 2017 a José Olympio reeditou a obra, que já não conta mais com as ilustrações da Marie Louise Nery (lindíssimas). A tradução é do D. Marcos Barbosa, que também traduziu O Pequeno Príncipe. Não vou ficar dando muitas voltas aqui, não tenho muito o que falar. Foi bonito, sim, e é o tipo de livro que vale a pena ler quando criança para depois revisitar, quando adulto.


3. O Melhor de Caio Fernando Abreu, Caio Fernando Abreu

Ótima seleção de textos do Caio F. feita pela editora Nova Fronteira. Para ficar completinha mesmo faltou só a novela "Pela noite", que, na minha opinião, é o Caio no auge, mas entendo que a novela é grandinha e o objetivo do livro é reunir somente os contos e crônicas. Destaque para os contos "O Príncipe Sapo" (o primeiro texto que ele publicou!), "Aqueles dois" e "Linda, um história horrível", a crônica "Agostos por dentro" e as duas cartas para além do muro (clássicas).

Vira e volta ouço comentarem que o Caio vive sendo citado em redes sociais, que é um autor que sempre tem uma frasezinha para legenda de foto e por isso já está batido. Vou ser honesta, nunca vi. Ou é porque já tem anos eu não uso rede social direito, ou é porque meus colegas não leram o Caio para ficar citando por aí. De qualquer forma, acho o Caio F. ótimo, principalmente os trabalhos em que ele já tinha alcançado sua maturidade como escritor (como em "Pela noite"!).

E, na verdade, essa foi um releitura. Anos atrás, esse livro foi um dos primeiros contatos que eu tive com o Caio F., junto com a trilogia de antologias O essencial da década de 70/80/90, outra seleção também ótima da Nova Fronteira ("Pela noite" está na década de 90!). Bizarro pensar que fazem quase dez anos que o li pela primeira vez. O legal foi que, na primeira leitura, deixei marcado no índice os meus textos favoritos, que foram 11 no total. Desses 11, na leitura atual, considerei favoritos apenas 3, mas, em compensação, amei outros 6 que nem me lembrava de já ter lido um dia. A conta ficou negativa, eu sei, mas acontece que eu fiquei mais chata também.

***

Ohh, primeiro post de leituras do ano. Primeiro do blog também. Era para ter uma fotinho dos livros, mas não foi dessa vez não, desculpa. Não estava no pique de tirar foto, editar foto, não gostar da foto, tirar outra foto, etc (péssima blogueirinha). Também não era para os comentários terem ficado tão extensos, mas não quis fazer um post separado para cada um, já estamos em fevereiro e quero pensar nos livros de fevereiro. O plano é: os livros que eu achar que tenho o suficiente para uma resenha independente vão ter um post próprio, o resto vai ter que se contentar com um comentariozinho no post do mês mesmo. Em breve as aquisições de janeiro. Au revoir.

31 de jan. de 2024

#1

            Oi..? Sei que é um pouco cafona iniciar uma primeira postagem assim, mas é 2024 e decidi criar um blog. Eles são datados e quase ninguém lê, mas continuo fascinada por eles como sempre fui, então aqui estamos. Estamos em 2024, e eu tenho um blog. Devo dizer que, nos últimos tempos, toda vez que me batia uma vontade de criar um era por causa do Book Snob, da Rachel, que infelizmente (para o mundinho dos blogs) se tornou newsletter. Inclusive, até a aparência clean daqui é uma inspiração de lá.
             O plano para esse lugarzinho na internet é o mais despretencioso possível, já que tenho que ser realista e considerar o fato de que nunca consegui manter um blog antes (a última tentativa foi há muitos anos atrás...). Quero postar aqui, talvez, algumas resenhas de livros e filmes e, em geral, compartilhar o que tenho visto de interessante, ou pelo menos o que eu acho que seja interessante. Porém, o mais provavel é que eu vá utilizar esse espaço para registrar as minhas leituras do mês e minhas aquisições de livros (o que já me garante duas postagens por mês!). Hoje é 31 de janeiro, então não tem problema eu postar as leituras do mês no iniciozinho de fevereiro. 
            Ainda tenho algumas coisinhas para acertar no visual do blog, mas se eu esperar tudo estar do jeito que eu quero para começar a publicar eu não vou ter blog. O layout em geral está ok, mas já deixo avisado que ainda tenho que acertar algumas páginas. Blog é sempre um trabalho em andamento, acho. Enfim, por enquanto é só. Até a próxima!