Mostrando postagens com marcador petisco. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador petisco. Mostrar todas as postagens

19 de mai. de 2025

Palavra guardada

Hoje mais cedo estava passando roupa enquanto ouvia uma entrevista do Gregório Duvivier. Deixo abaixo a transcrição de um dos meus momentos favoritos:

Leitura é muito fundamental, sabe? Ler, ler, ler, ler, ler, ler, ler, assim. E uma coisa que eu gosto, também, é- de algumas coisas- é curioso, porque é super careta isso, conservador, os professores torcem o nariz, mas eu adorava decorar coisas, me ajudou muito a decorar até hoje. E tem uma guerra contra decoreba, que faz sentido, porque decoreba é um saco: ah, tem que- a tabuada- aquela coisa. Mas eu adorava decorar poema, por exemplo, gostei de poesia, no começo, decorando os poemas que os professores pediam e a gente tinha que declamar. É uma coisa que não tem mais na escola hoje em dia, que é mal vista, mas o exercício de saber coisas de cor é uma delícia, um poema que você sabe de cor é um presente que você ganha pra vida toda, é uma companhia que você tem, gratuita, pra qualquer momento de trânsito, de ócio, de- não- você saber um poema de cor é uma ferramenta que você ganha no seu bolso eternamente.

Ano passado uma das minhas poucas metas foi decorar um poema -- e consegui! Então sei que é verdade isso. Às vezes estou caminhando por aí e quem me faz companhia são os versos de Vinicius de Moraes.

17 de nov. de 2024

I'm in the pleasure business

Não sou muito familiarizada com o trabalho do Anthony Bourdain, mas um tempo atrás li uma citação atribuída a ele e vira e volta me pego pensando nela:

"As a chef I'm not your dietician or your ethicist, I'm in the pleasure business."

Mas como é fácil atribuir qualquer fala a qualquer pessoa, fui em busca da fonte na esperança do Bourdain realmente ter falado isso. Primeiro cheguei até o Eater.com, que me mandou para o Grub Street. A frase em questão é sim do Bourdain (uhul!), e ela veio de um painel em que ele participou com os chefs Alice Waters e Duff Goldman em maio de 2009.

É uma pena que eu tenha encontrado somente trechos do painel; dá para perceber que tem certas falas em que os chefs fazem referências a coisas ditas anteriormente. Enfim, deixo aqui o vídeo que tem a citação em questão. Abaixo do corte está a transcrição das duas principais falas do Bourdain presentes nesse trecho, já que acredito que a segunda complementa a primeira, e a minha tradução. Caso alguém se interesse pela tradução do vídeo todo, é só avisar.


10 de out. de 2024

AGF

Essa semana recebi uma compra que fiz num sebo online. Veio tudo muito direitinho, e eles embrulharam meus livros numa folha do Suplemento Literário de Minas Gerais, cuja edição comemorava o centenário do poeta Alphonsus de Guimaraens Filho. Calhou que na folha vieram quatro poemas que eu até então desconhecia. Um deles, Balada dos moços dos tempos d'antanho (p.25 do suplemento), é grande demais para colocar nesse post, mas deixo aqui os outros três, já que não consegui escolher um só.

*** 

4 de set. de 2024

Giselle mad scene

Giselle foi o primeiro ballet que eu assisti. Assisti duas vezes, primeiro no que provavelmente era um dos piores lugares da casa, no qual eu tinha uma visão melhor do fosso da orquestra do que do palco. Na apresentação seguinte, no mesmo teatro, fiquei num lugar melhor, com uma vista linda dos bailarinos.

Giselle, ao descobrir que seu amado Albrecht é, na verdade, um nobre já comprometido, morre de um coração partido. A cena da loucura de Giselle e sua subsequente morte foi, para mim, a mais marcante de toda a apresentação. Gosto de como ela solta os cabelos, de como ela brinca com a espada, e os camponeses ao fundo, tristes testemunhas.

 
Giselle, interpretada por Karen Kain, em 1976.

 
Giselle, interpretada por Natalia Osipova, em 2014.