31 de mar. de 2024

Leituras de fevereiro e março

Em janeiro eu escrevi "espero conseguir manter três livros por mês como um mínimo para o resto do ano" e aí eu imediatadamente caí ladeira abaixo e li só um livro em fevereiro. C'est la vie. Vamos começar pela leitura de fevereiro:

1. Sense and Sensibility, Jane Austen. Eu comecei a escrever uma resenha de Sense and Sensibity, mas estou tão acostumada com as maravilhas do Google Docs e o recurso de salvar automaticamente que me esqueci que estava no LibreOffice e em algum momento fechei tudo sem salvar. Nessa eu perdi tudo o que eu tinha feito, que era basicamente metade da resenha. Eu ia tentar resumir o que tinha escrito aqui, mas desisti, vou reescever essa resenha e ainda publico ela aqui um dia.

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Em março consegui recuperar meu ritmo. Vamos lá:

1. The Bell Jar, Sylvia Plath. Eu bem disse que lendo em inglês eu iria conseguir terminar esse aqui. Comecei em um dia e terminei no outro. Faz um bom tempo que eu não leio um livro que a narrativa é e tão envolvente a ponto de não perceber o tanto de páginas que já li. Certamente é um que vou revisitar em breve.

2. Essa gente, Chico Buarque. Do Chico eu tinha lido somente O irmão alemão, no ano retrasado, que eu gostei bastante. Com esse aqui não foi diferente. É um retrato muito bem construído desses nossos últimos anos e acredito que tem o potencial de, futuramente, ser lembrado por conta disso (estou chutando). Eu gosto demais do Chico como músico, tenho que ler mais coisas dele. Para quem não está acostumado com o gênero epistolar pode ser um pouco díficil no começo, mas vale a pena persistir.

3. A hora da estrela, Clarice Lispector. Eu vou ser honesta e dizer que nem comentário genérico eu tenho. Gostei demais mesmo. Eu já tinha história com A hora de estrela antes mesmo de ler, mas não vou contar porque é pessoal demais. Tenho um bocado de livros da Clarice por aqui, de uma época que eles estavam com um preço bom (e não era eu quem pagava pelos meus livros...). Ler um por mês seria uma boa.

4. O conto da ilha desconhecida, José Saramago. O último que li do Saramago foi O ano da morte de Ricardo Reis, lá em 2019 (cinco anos atrás? Socorro...). Nunca tinha lido uma narrativa mais curta dele (excetuando A maior flor do mundo, que eu não me lembro de mais nada sobre, desculpa), mas o conto retém bastante do estilo dele e pode ser uma boa opção para quem tem medo do Saramago (apesar de que não existe motivo para tal coisa, tenha confiança e inicie por um dos romances mesmo). O conto da ilha desconecida é bem curtinho e terminei de uma vez só.

5. Até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera. Do Galera eu li Barba ensopada de sangue uns mil anos atrás e desde então mais nada. A prosa dele é absurdamente fluida. Iniciei e terminei a leitura no mesmo dia. Acho que tenho que reler Barba ensopada de sangue. Se antes eu já queria ler Cordilheira agora quero mais ainda: é bobagem, mas estou curiosa para saber como ele escreve uma narradora feminina, já que tanto as mulheres de Até o dia... quanto as de Barba... são constantemente enviesadas pelo olhar do narrador masculino.

29 de mar. de 2024

Aquisições de março

1. Down and Out in Paris and London, George Orwell. Virou hábito ir na livaria do shopping e escolher algo do Orwell. Lá tem uns paperbacks bem em conta. Também sou fã de relatos de viagem, então nada como unir o útil ao agradável.

2. The Talented Mr Ripley, Patricia Highsmith. Eu tenho vontade de ler alguma coisa da Highsmith desde que vi Carol, dir. Todd Haynes (claro), mas nunca tinha encontrado nada dela dando bobeira por aí. Até que esses dias entrei por entrar num sebo, perguntei se tinham alguma seção de livros em inglês, e encontrei The Talented Mr Ripley em paperback numa banca com um gato pingado de livros em inglês.

3. O mito de Sísifo, Albert Camus (trad. Ari Roitman e Paulina Watch). Um tempo atrás me dei conta de que nunca tinha lido Camus e, quando fui dar uma (outra) volta na livraria do shopping, acabei comprando essa edição da Record. Escolhi O mito de Sísifo meio que porque lá não tinha O estrangeiro, que de longe é o livro mais popular dele. E eu não sei em que tipo de papel essa edição foi impressa (no livro não diz), mas as folhas tem um cheiro forte que até agora não conseguir descrever direito, o mais próximo que consegui foi cheiro de pastelaria.

4. O cavaleiro inexistente (trad. Nilson Moulin), Italo Calvino. O preço no sebo estava ótimo, nunca li nada do Calvino além do "Por que ler os clássicos" (o ensaio, não o livro). Próximo.

5. Paisagem brasileira: dor e amor pelo meu país, Lya Luft. Da Lya Luft nunca li nada (esse blog só existe para eu enumerar as coisas que nunca li). O preço estava bom e o título chamou atenção. Do sebo também.

6. Até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera. O último da minha ida ao sebo (apoiem os sebos da sua cidade!). Logo quando eu ia embora lembrei de ver se tinha algo do Galera. Comprei, comecei a ler e terminei de ler no mesmo dia, o que certamente é um bônus.

22 de mar. de 2024

As coisas que não escrevo

Esse mês tinha pensado em escrever sobre umas voltas que dei (foi uma só), sobre uns filmes que assisti (três), e no final não saiu nada (zero). A hora que a ideia brota não é muito propícia para escrever: estou batendo perna na rua, vendo as pessoas, ou acabei de sair do cinema e não enxergo nada ou, pior, às vezes o filme nem terminou ainda. Quando chego em casa tenho só um rastro de ideia, como se ela fosse a minha sombra que, inexplicavelmente, decide se afastar de mim e aos poucos se descola dos meus pés para seguir com a vida dela.

Andar sábado de manhãzinha na cidade é tudo de bom: o comércio ainda abrindo, o pessoal que virou a noite ainda indo para casa, os gatos ainda rondando as ruas e eu, que acabei de chegar. Tênis, jeans, camiseta, bolsa transversal e óculos escuros e eu poderia passar o dia todo zanzando. Sábado as coisas fecham cedo, então a estratégia de sempre é passar nas lojas primeiro e só depois ir pro mercado de pulgas, que fecha mais tarde. 

Olhei a decoração de Páscoa das lojas, desisti da ideia de fazer uma guirlanda de Páscoa para a porta, comprei dois ovinhos plásticos enfeitados para pendurar na maçaneta e me dei por satisfeita. Atravessei todas as ruas com cuidado porque uma semana antes minha mãe teve um sonho em que eu fui atropelada. Me enfiei num sebo sem um objetivo específico, só pelo simples prazer de olhar as lombadas dos livros nas prateleiras e procurar algum gato cochilando para fazer carinho. O livro que eu olhei na vitrine do sebo, que pensei em comprar e não comprei, acabei ganhando de presente uma semana depois.

Na loja de CDs e DVDs tive sucesso e saí de lá faceira com cinco DVDs para a coleção (um deles eu tinha visto lá pelo menos dois meses antes, não levei, me arrependi de não ter levado, achei que ele não fosse mais estar lá, mas lá estava ele). O CD Inédito, do Jobim, eles não têm. O senhor da loja disse que conseguiria um pra mim até segunda, mas segunda eu não tinha como passar lá. Não precisa, obrigada, estou sempre por aqui mesmo. 

Fui olhar as quinquilharias do mercado de pulgas, almocei, comprei um milkshake pela primeira vez em anos, caminhei mais um pouco. Depois disso fui para o cinema (O Menino e a Garça). E no domingo também (Duna: Parte Dois). E no outro final de semana também (Anatomia de uma Queda). Aqui seria muito legal inserir uma resenha sobre cada filme, que na verdade eu tinha planejado em comentar em dois posts separados, um para cada final de semana, mas vamos ter que nos contentar com só isso aqui mesmo, se não for assim esse post não sai.

Só em casa que me lembrei que a dois quarteirões da loja de CDs tinha uma outra em que eu poderia ter procurado o CD do Jobim, mas não tem problema: qualquer coisinha é motivo para passar outro sábado rodopiando por aí.