22 de mar. de 2024

As coisas que não escrevo

Esse mês tinha pensado em escrever sobre umas voltas que dei (foi uma só), sobre uns filmes que assisti (três), e no final não saiu nada (zero). A hora que a ideia brota não é muito propícia para escrever: estou batendo perna na rua, vendo as pessoas, ou acabei de sair do cinema e não enxergo nada ou, pior, às vezes o filme nem terminou ainda. Quando chego em casa tenho só um rastro de ideia, como se ela fosse a minha sombra que, inexplicavelmente, decide se afastar de mim e aos poucos se descola dos meus pés para seguir com a vida dela.

Andar sábado de manhãzinha na cidade é tudo de bom: o comércio ainda abrindo, o pessoal que virou a noite ainda indo para casa, os gatos ainda rondando as ruas e eu, que acabei de chegar. Tênis, jeans, camiseta, bolsa transversal e óculos escuros e eu poderia passar o dia todo zanzando. Sábado as coisas fecham cedo, então a estratégia de sempre é passar nas lojas primeiro e só depois ir pro mercado de pulgas, que fecha mais tarde. 

Olhei a decoração de Páscoa das lojas, desisti da ideia de fazer uma guirlanda de Páscoa para a porta, comprei dois ovinhos plásticos enfeitados para pendurar na maçaneta e me dei por satisfeita. Atravessei todas as ruas com cuidado porque uma semana antes minha mãe teve um sonho em que eu fui atropelada. Me enfiei num sebo sem um objetivo específico, só pelo simples prazer de olhar as lombadas dos livros nas prateleiras e procurar algum gato cochilando para fazer carinho. O livro que eu olhei na vitrine do sebo, que pensei em comprar e não comprei, acabei ganhando de presente uma semana depois.

Na loja de CDs e DVDs tive sucesso e saí de lá faceira com cinco DVDs para a coleção (um deles eu tinha visto lá pelo menos dois meses antes, não levei, me arrependi de não ter levado, achei que ele não fosse mais estar lá, mas lá estava ele). O CD Inédito, do Jobim, eles não têm. O senhor da loja disse que conseguiria um pra mim até segunda, mas segunda eu não tinha como passar lá. Não precisa, obrigada, estou sempre por aqui mesmo. 

Fui olhar as quinquilharias do mercado de pulgas, almocei, comprei um milkshake pela primeira vez em anos, caminhei mais um pouco. Depois disso fui para o cinema (O Menino e a Garça). E no domingo também (Duna: Parte Dois). E no outro final de semana também (Anatomia de uma Queda). Aqui seria muito legal inserir uma resenha sobre cada filme, que na verdade eu tinha planejado em comentar em dois posts separados, um para cada final de semana, mas vamos ter que nos contentar com só isso aqui mesmo, se não for assim esse post não sai.

Só em casa que me lembrei que a dois quarteirões da loja de CDs tinha uma outra em que eu poderia ter procurado o CD do Jobim, mas não tem problema: qualquer coisinha é motivo para passar outro sábado rodopiando por aí.

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