21 de ago. de 2025

Terça-feira à noite

Saí de casa, desci dois degraus do primeiro lance de escadas e lembrei: o ingresso do concerto! Voltei, peguei o ingresso que estava na porta da geladeira, saí de casa. Cheguei no ponto e logo veio o meu ônibus. Abri a bolsa e percebi: a carteira! Voltei, peguei a carteira que estava na bolsa que usei ontem, saí de casa. É claro que depois o meu ônibus demorou pra passar, mas no final cheguei a tempo e ficou tudo certo. Na vida há de ser assim também. Que eu possa dizer -- cheguei a tempo. Tudo certo.

11 de ago. de 2025

O Instagram Me Trancou Do Lado De Fora E Agora Eu Sou Livre

Domingo de manhã eu acordei e quando fui abrir o Instagram -- porque, sim, a primeira coisa que eu faço de manhã é pegar no celular -- vi a página de login ao invés do meu feed. Agora o Instagram quer o meu número de celular como medida de segurança para permitir que eu continue com a minha conta, e eu não sei se essa é uma informação que eu quero passar para eles. Também não sei se nos dias de hoje é muito produtiva a minha preocupação com privacidade -- a Meta já tem o meu celular, já que eu sou forçada a ter WhatsApp. Mas acontece que há um tempinho eu vinha pensando em me livrar do IG, e acabou que eles tomaram a decisão por mim.

A minha conta era privada e me servia apenas para acompanhar a agenda cultural da cidade, programação do cinema, uns sebos, lançamentos editoriais e alguns meios de comunicação da prefeitura e veículos de notícias. E às vezes dar uma espiada na vida dos outros, naturalmente. Era uma solução muito prática acompanhar tudo em um lugar só; alguns museus e espaços culturais menores tem o IG como principal meio de divulgação, e acompanhando eles por lá eu conseguia ficar ciente das atividades que estavam oferecendo sem ter que ir até eles. Tudo isso é muito legal e bonito, mas eu geralmente era puxada para o vórtice do Explorar e perdia um tempo preciso da minha vida mergulhada no mais puro brain rot. E também, do que adianta eu ver que o museu perto daqui de casa inaugurou uma exposição sobre, sei lá, cultura ribeirinha, se eu não for lá ver?

A solução que encontrei foi voltar a navegar na web como faziam os maias e os astecas. Criei pastinhas na barra de ferramentas e fui adicionando os sites de alguns dos perfis que eu costumava seguir -- no total eram 61 e eu consegui lembrar de 55, o que foi uma grande surpresa já que minha memória é péssima. Agora não vou mais abrir uma rede social para ver a programação do cinema e me perder nela: é só abrir uma nova aba no navegador, ir na pasta Programação, clicar no site do cinema e pronto. O Firefox tem uma função simples, mas maravilhosa, de abrir todos os sites de uma pasta de uma vez só, o que me permite abrir todos os sites de notícias e ir fechando eles um a um depois de dar aquela lida básica na primeira página logo de manhã.  

Há um tempinho atrás eu flertei com a ideia de ter um dumbphone, mas para mim é impossível -- não só porque sou refém do WhatsApp, mas também porque um telefone moderno tem ferramentas que realmente me são úteis: mapa, aplicativo de banco, câmera, acesso à nuvem. Mas estou satisfeita com o jeito que as coisas estão agora. Eu já tinha tentado excluir o IG, porém acabava voltando por causa da praticidade de acompanhar tudo num só feed. Estou otimista com o sistema da barra de ferramentas, mas também me sentindo um pouco estúpida por estar tão satisfeita com uma solução tão simples (não é como se eu tivesse inventado a roda).   

É legal entrar nos sites ao invés de ver vários quadradinhos em sequência. Tinha esquecido o quanto o site da Quatro Cinco Um é bonito, já que tinha séculos que eu não entrava lá pelo desktop. Quero usar esse tempo livre que antes era desperdiçado nadando no brain rot para ir na livraria comprar a edição do mês da Quatro Cinco Um, que eu não compro desde o final do ano passado. Aí aproveito que no caminho tem um museu e entro lá para dar uma olhada e descobrir qual exposição está em cartaz, talvez até perguntar para alguém que trabalha lá se vai ter algum evento nas próximas semanas. Eu sempre achei muito bonita a cultura ribeirinha.

+ I hate my phone so I got rid of it, do Eddy Burback.

+ O Inferno é a Nuvem, do Calma URGENTE!!! 

30 de jun. de 2025

Fascínio

Tudo isso há muito tempo atrás: O clipe de "All the Things She Said" da dupla t.A.T.u. Billy Elliot (dir. Stephen Daldry). As Hex Girls. A Ana Carolina. O Ryan, de High School Musical (dir. Kenny Ortega). Aquela garota que andava de bicicleta com os meninos na pista de skate. A Adriana Calcanhotto. A abertura da novela Belíssima. A Kelsey, de High School Musical (obrigada por tudo, Kenny Ortega!). Kissing Jessica Stein (dir. Charles Herman-Wurmfeld). As Sailors Neptune e Uranus, de Sailor Moon. A Maria Gadú. D.E.B.S. (dir. Angela Robinson). As Sereias da Rive Gauche, da Vange Leonel. Jennifer's Body (dir. Diablo Cody). Aquele casal de moças que vi na praia quando estava no calçadão com a minha mãe, e nós duas fingimos que não vimos nada.

Fun Home, Alison Bechdel

14 de jun. de 2025

16 de junho

No intervalo do concerto fiquei em pé, sozinha, me sentindo meio estúpida enquanto segurava uma dose de whiskey irlandês generosa demais para mim, que não sou de beber. Esse tipo de coisa faz parte da experiência, então quando a moça perguntou aceita? eu disse claro, sim, obrigada e pelo menos passei a ter um copinho plástico para ocupar as mãos. Tentei me distrair olhando os outros, gente que colocava o whiskey pra dentro com muito mais facilidade do que eu, mas não consegui achar nada interessante e foi um alívio quando o intervalo chegou ao fim. No caminho de volta para casa, eu não conseguia parar de admirar essa liberdade, liberdade de poder sair e andar por aí e ouvir música e beber e ver lugares novos: ontem nunca estive aqui, hoje olho para a copa destas árvores e amanhã não vou mais poder andar por esta rua pela primeira vez.

Comecei a pensar neste post de volta ao auditório, depois de vitoriosamente terminar minha dose. Escrevo ele agora, e você o lê no meu futuro.

12 de jun. de 2025

Dia dos namorados não é dia de São Valentim

O dia amanheceu escuro e chuvoso e eu tive que juntar coragem para lavar a cabeça na água fria. Ontem me apareceu uma espinha na testa, então joguei a franja pra frente pra cobrir ela. Preparei a primeira caneca de chá do ano, Earl Grey, meu favorito. Esquentei as mãos na caneca de chá. Tentei ser produtiva no trabalho. Li poesia. Senti frio. No fim do dia, na volta para casa, passei por uma roda de samba e estavam tocando uma das minhas favoritas do Jorge Aragão -- pra onde você for, lá pra mim já é... Esbarrei no cara que partiu o coração da minha melhor amiga. Ou ela mesma partiu o próprio coração, eu sei lá. A vida é engraçada. Chegando em casa, espremi aquela espinha.